terça-feira, 15 de outubro de 2013

As tias




Sempre quis escrever sobre tias.
Elas fizeram parte de minha infância e deixaram muitas lembranças.
Minha história não é um conto de fadas, é um conto de alegria!
Tive tias de todo jeito: alegres, bem maluquinhas, travessas e manhosas.
Vaidosas, metidas e chatas. Tímidas, introvertidas e chorosas.
Uma em especial: gentil, acolhedora e generosa.
Com ela aprendi a amar ao próximo e dividir o que tenho,
Cuidar dos feridos e acolher aos necessitados,
Repulsar as tiranias e lutar pelos injustiçados.
Entendi que ter não é virtude nem nos torna mais importantes.
Ser... é a plenitude.
Sempre bondosa, sem luxo ou posses,
Embelezava os dias que com ela eu dividia,
Irradiava graça, paz e alegria.
Nada lhe sobrava
Pelo contrário, só o suficiente lhe cabia.
Mas com sua gentileza, acolhia aos tantos que lhe solicitavam.
Com sua generosidade plena e um doce olhar ao repartir, transformava o pouco em muito.
Não era a quantidade que importava,
Mas a doçura do olhar e a generosidade ao doar.
Com gentileza acolhia e com destreza repartia.
E com certeza nunca tinha olhar de frieza, de lonjura, de pressa.
Se a fome não estivesse na barriga, mas no corpo uma ferida,
Suas mãos ágeis e de leveza
Traziam a cura ao doente e dispersavam a dor e a tristeza.
A fome da alma e do espírito ela também saciava.
Com mão estendida sempre se encontrava.
E talvez tanta lembrança possa gerar desconfiança.
Que tia é essa que não é de todas as crianças?
Se todos a tivessem, com certeza um mundo melhor existiria.
Sua existência é real como as verdades descritas.
Afirmo apenas, que foram as lembranças que vivem em mim
Que alimentaram as palavras escritas.
Se há exagero ou fantasia, terão que culpar ao coração
Que guardou tantos ensinamentos de uma mesma pessoa
E com eles tamanha admiração.
Tia, obrigada por sua contribuição.

Maridelza Batista Gomes.

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