terça-feira, 15 de outubro de 2013

Uma avó diferente



Sempre tive uma avó diferente de todas as histórias que já li.
A minha avó sertaneja é a mulher mais inteligente que conheci.
Sua casa foi meu castelo e seu quintal meu jardim.
Sua roça, minha floresta e sua companhia, meu querubim.

Uma mulher pequena, franzina, quase uma menina.
De corpo esguio e força ferina.
Cabelo de índia e coque de bailarina.
Desfilava ao andar e brilhava como lamparina.

Foi em sua casa que me senti gigante,
Criança importante.
Pop star nas multidões.
Celebridade de milhões.

Bruxas, fadas, mocinhos e bandidos,
Heróis e heroínas,
Povoaram seu quintal, escondidos
Em brincadeiras de meninos e meninas.

Rancho de cowboy e casa mal assombrada,
Castelos de princesas e bruxa malvada,
Estiveram nos caminhos de sua roça,
Fazendo de nossa imaginação, troça.

Livre e protegida, guardada dos perigos
Vencendo lutas e inimigos
Tive meu querubim
Pelos caminhos a me seguir.

Uma avó diferente na vida da gente,
Transforma o mundo em um lugar bem quente,
Feliz e reluzente.
E sua presença nunca se faz ausente.

Maridelza Batista Gomes de Carvalho

As tias




Sempre quis escrever sobre tias.
Elas fizeram parte de minha infância e deixaram muitas lembranças.
Minha história não é um conto de fadas, é um conto de alegria!
Tive tias de todo jeito: alegres, bem maluquinhas, travessas e manhosas.
Vaidosas, metidas e chatas. Tímidas, introvertidas e chorosas.
Uma em especial: gentil, acolhedora e generosa.
Com ela aprendi a amar ao próximo e dividir o que tenho,
Cuidar dos feridos e acolher aos necessitados,
Repulsar as tiranias e lutar pelos injustiçados.
Entendi que ter não é virtude nem nos torna mais importantes.
Ser... é a plenitude.
Sempre bondosa, sem luxo ou posses,
Embelezava os dias que com ela eu dividia,
Irradiava graça, paz e alegria.
Nada lhe sobrava
Pelo contrário, só o suficiente lhe cabia.
Mas com sua gentileza, acolhia aos tantos que lhe solicitavam.
Com sua generosidade plena e um doce olhar ao repartir, transformava o pouco em muito.
Não era a quantidade que importava,
Mas a doçura do olhar e a generosidade ao doar.
Com gentileza acolhia e com destreza repartia.
E com certeza nunca tinha olhar de frieza, de lonjura, de pressa.
Se a fome não estivesse na barriga, mas no corpo uma ferida,
Suas mãos ágeis e de leveza
Traziam a cura ao doente e dispersavam a dor e a tristeza.
A fome da alma e do espírito ela também saciava.
Com mão estendida sempre se encontrava.
E talvez tanta lembrança possa gerar desconfiança.
Que tia é essa que não é de todas as crianças?
Se todos a tivessem, com certeza um mundo melhor existiria.
Sua existência é real como as verdades descritas.
Afirmo apenas, que foram as lembranças que vivem em mim
Que alimentaram as palavras escritas.
Se há exagero ou fantasia, terão que culpar ao coração
Que guardou tantos ensinamentos de uma mesma pessoa
E com eles tamanha admiração.
Tia, obrigada por sua contribuição.

Maridelza Batista Gomes.

domingo, 13 de outubro de 2013

Metamorfose



O dia a dia,
Está intolerável.
Desvalorização, injustiça,
Repressão, pressão...

A vida,
Insuportável.
Dor, problemas,
Raiva, revolta...

O viver,
Transformado em sobreviver a qualquer custo.
Decepções, dúvidas,
Insegurança, angústia,
Fúria.
Grito de socorro!
Oração, súplica, louvor...

A esperança,
Explodindo em meu ser.
Sonho e realidade.
Realidade e possibilidades.
Possibilidades e verdades.
Verdades e mudança.
Mudança e felicidade.
Felicidade e viver de verdade.

Novas possibilidades.
Novas verdades.
Novos sonhos.
Novo viver.
Nova vida.
Novo ser.

Pronta para a metamorfose.
Para os novos desdobramentos.
Que venham as novas batalhas,
Com elas os triunfos!

Maridelza Batista Gomes.

Amor




A alma fecunda o amor.
O amor fortalece a alma.
Um coração se entrelaça
No nada e no tudo,
Na certeza e no talvez.

O homem encontra a consorte.
A mãe encontra o filho.
O irmão encontra o irmão.
E a vida segue seu norte
Até que encontre a morte.

Seria um reencontro de almas?
Já estava escrito nas estrelas?
Seria predestinação?
A mão divina?
Amor à primeira vista?
Afirmar possibilidades é o que resta,
Pois certezas são incertas.

O amor é um mistério.
Sua existência é compreensível.
Buscar explicações é irreal.
Senti-lo é fatal.

Magia?
Diversão dos deuses?
Peças do destino?
Acasos da vida?
Mundo particular?
Fantasia?
Mito?
Realidade paralela?
Descrença caída?
Insanidade?

Como explicar o inexplicável?
Muitos por quês.
Por que buscar os porquês?
Vivendo e amando.
Amando e vivendo.
Assim estamos eu e você.

Maridelza Batista Gomes.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Amor de criança


Muitas vezes o ensaio
Da declaração a revelar
Mas a timidez
Sempre fazendo recuar.

O tempo passando
A esperança aumentando
O coração apertando
A alma sufocando.

A decisão seria tomada
Mas a coragem sufocada
Cedeu lugar ao lamento
Da hora desperdiçada.

Iludido com a mudança
Desapegado da esperança
O amor da criança
Permaneceu no coração e na lembrança.

Maridelza Batista Gomes

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Eu e você



Adolescência


Em contínuo "re-pensar" encanto-me com o sentido ambíguo das coisas, com a dualidade de um acontecimento, com o poder da reflexão em nós e com as decisões que tomamos em nossas vidas. E como consequência de cada decisão, a vida de hoje. Saudades do tempo onde as ilusões e sonhos tinham maior dimensão e relevância que a própria realidade. Tempo que considero a mais dinâmica fase do ser humano. Ser adolescente é viver intensamente os impactos da vida.

Maridelza Batista Gomes.